segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Passarelas ocupadas por feirantes


“A situação da famosa Feira de Caruaru e da feira da sulanca é vergonhosa. Há esculhambação no local, isso porque os feirantes não encontram mais espaço, nem qualidade de estrutura dentro do Parque 18 de Maio e deslocam suas barracas para as passarelas que dão acesso à feira, ocasionando tumulto e dificultando o acesso para quem vai comprar”. A citação acima foi relatada pelo feirante Cleonaldo Virginio, mas a maioria dos feirantes tem a mesma opinião. A feira vem ganhando maiores proporções e já não consegue abrigar os milhares de vendedores em sua extensão. Sem ter onde vender, os comerciantes procuram pontos alternativos, grande parte deles fica na ponte que dá acesso ao parque, próxima ao Colégio Sagrado Coração. Outro lote de feirantes instalou as barracas na passarela próxima ao antigo “Beco da Mijada”.

A migração dos feirantes para esses locais contribui para a descentralização da feira e conseqüentemente para o aumento do caos e de roubos. As passarelas de acesso, que deveriam ser exclusivas apenas para a entrada e saída de compradores, deixam de existir dando lugar a dezenas de pontos de vendas. “A feira torna-se um caos logo de início. Passar pela ponte que dá acesso ao Parque 18 de Maio requer muita paciência, a quantidade de barracas que já se instalou no local é enorme, sem falar das carroças de mercadorias que passam a todo o momento e podem atropelar pedestres desavisados”, relatou a comerciante Tereza Ferreira.

Não é de hoje que a bagunça e a desordem na feira acontecem. Os feirantes reclamam que a prefeitura faz vista grossa para o problema e tão pouco está preocupada com a situação dos comerciantes, que culpam o Departamento de Feiras e Mercados de Caruaru pela instalação das barracas em pontos de entrada e saída. “Eu vendia meus produtos na ponte, perto do Colégio Sagrado Coração. Sendo que tive que sair de lá, porque os fiscais da feira não queriam que mais barracas se aglomerassem no local. Então indaguei onde iria vender meus produtos e garantir o sustento da minha família. Sem nenhuma responsabilidade com o trabalho e sem se preocupar com a ‘organização’ da feira, já que a obrigação de um fiscal é essa, ele apenas me disse que era para eu me ‘virar’ e arranjar qualquer lugar para vender. Sem opção, vim para a ponte, que fica próximo ao Beco da Mijada”, confessou a feirante Josabela Lima. Ela ainda reclama que tem que pagar o valor de R$ 5,00 por semana para a permanência da barraca nas imediações do Parque 18 de Maio. Segundo Josabela, esse valor pouco importa, desde que seja tratada com respeito e responsabilidade pelo setor da prefeitura de Caruaru. O diretor do Departamento de Feiras e Mercados, Luciel Henrique, confirma que há uma deficiência na atuação dos fiscais para com o controle de feirantes. “Trabalhamos com uma equipe de 45 fiscais e nas terças-feiras esse valor sobe para 70. Mesmo assim é impossível retirar os feirantes dos pontos irregulares por causa da enorme quantidade de ambulantes que já se aglomeraram nesses pontos. Com o desenfreado crescimento da feira, torna-se impossível que o controle de feirantes seja feito”, afirmou.

O problema ainda segue sem solução para Prefeitura de Caruaru. Durante tanto tempo, as medidas lançadas pelos órgãos responsáveis pelo controle dos feirantes de nada adiantaram. O lucro e as vendas aquecidas, trazidas pela feira da sulanca, originam enormes problemas sócio-urbanos, como a invasão de Toyotas e a lentidão do trânsito na cidade, sem falar do número elevado de violência criminal e dos assaltos. “Os órgãos comemoram o faturamento do comércio e tapam o ‘sol com a peneira’. A problemática social trazida pela bagunça da feira é empurrada pela enorme barriga dos que parecem estar indispostos para resolver uma queixa tão antiga”, relatou o feirante Célio Zé Carias. De acordo com o secretário de Serviços Urbanos, Gonçalo Junior, o prefeito eleito Zé Queiroz, dificilmente vai tirar a feira da sulanca do Parque 18 de Maio. O secretário reconhece a falta de estrutura do local e a desorganização, que já se encontra generalizada. Este mês, será discutido um plano para que as Toyotas sejam transferidas para o terreno que fica em frente ao Atacadão, no bairro Petrópolis. Já os bancos da feira da sulanca serão levados para lá nas terças-feiras, substituindo os veículos. Só não foi pensado ainda para onde vão esses transportes nos dias em que a sulanca funcionar no local. Com solução ou não, a problemática será repassada para o futuro secretário de Serviços Urbanos, José Carlos, que terá, junto com Queiroz, a difícil missão de reorganizar a feira.

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